HISTÓRICO DA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS ROCAS

ancorasDevido a sua formação desprovida de rochedos que pudessem ser vistos pelas embarcações, Atol foi local de muitos naufrágios. Visando resolver esse problema, em 1881 avaliaram a instalação de um farol na região e em 1883 passou a funcionar um farolete, o que auxiliou na redução dos desastres. Com o tempo, o farol foi sendo substituído e modernizado evitando os acidentes. Inicialmente, o funcionamento do farol era manual, devendo ser ligado todas as tardes e apagado ao amanhecer. Assim, foi necessária a instalação de uma família para cuidar do mesmo. Em 1887 foi construída uma casa e uma cisterna para a permanência da mesma em Rocas e sua sobrevivência dependia do fornecimento de bens provenientes do continente, principalmente água doce e alimentos. Em 1914 com a automatização do farol, a família foi enviada para Fernando de Noronha.

Emruinasa 1935, uma comissão do Serviço de Caça e Pesca (divisão do Ministério da Agricultura) passou uma temporada em Atol para a troca do farol e realização de pesquisas, testes de técnicas de pescas, filmagens e registros fotográficos. Nessa expedição constatou-se a abundância de lagostas e peixes. Em quatro pescarias com duração de uma hora foram capturadas quase mil lagostas! Cada pescador teve produtividade média de 70 Kg de pescado por hora! Esses dados foram muito divulgados em artigos e relatórios científicos. Essas informações impulsionaram a operação fixa da Empresa de Pesca Rocas Ltda., que foi estabelecida no em 1937, tendo sido instalado 02 galpões equipados com gerador, rádio, tanque de salgar peixes e jiraus para a secagem. Quase toda semana era levada comida fresca para os confinados e esperava-se que essa boa infraestrutura os estimulasse. Porém, mesmo com toda comodidade, os pescadores não suportavam muito tempo de isolamento e durante a operação da empresa, cerca de 500 trabalhadores passaram pelo Atol. O empreendimento funcionou por 2 anos e na época vendia o “Bacalhau de Rocas”, que visava substituir o bacalhau importado da Europa. Com a falência da indústria pesqueira, buscaram outras maneiras de se explorar economicamente a área, porém sem sucesso.

farol - igui ecologiaNa década de 70, o Atol não tinha nenhuma regulamentação ou controle. O mesmo era frequentado ocasionalmente por mergulhadores e aventureiros e rotineiramente utilizada por pescadores potiguares que após pescarias no entorno, aproveitavam para desembarcar brevemente e caçar as fêmeas de tartarugas que subiam para desovar. Em meados da segunda metade da década, um grupo de estudantes com o apoio e conhecimento de pescadores desembarcou em Rocas. Porém, com o tempo surgiram conflitos de interesses entre as partes. Os estudantes divulgaram fotos de tartarugas mortas com suas vísceras e ovos à mostra, chamando a atenção da opinião pública. As imagens circularam pelo meio científico e político, causando impacto. Além disso, o momento no Brasil também era propício, pois estava desenvolvendo-se o movimento ambientalista, que chamava a atenção para a defesa de espécies e do meio ambiente. Nesse contexto, o governo militar aprovou a criação de muitas unidades de conservação, dentre elas a da Reserva Biológica do Atol das Rocas que foi a primeira unidade de conservação marinha do país, através de decreto federal em 05/06/1979.

A Reserva é fechada para visitação pública, sendo seu acesso restrito a pesquisadores e voluntários, visando limitar ao máximo a presença humana no ambiente. Trata-se do único Atol do Atlântico sul, sendo importante local de abrigo, alimentação e reprodução de animais. Além disso, é utilizada como referência em pesquisas por ser um ambiente livre de ação antrópica (alterações realizadas pelo homem no planeta Terra). Por esses motivos, o mesmo foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO em 2001.

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