Pesquisadores estudam a reprodução de tartarugas amazônicas na Reserva Mamirauá

O período de desova de algumas espécies de tartarugas amazônicas é influenciado pelo período de seca dos rios, quando os animais saem dos lagos e vão para as praias fazerem seus ninhos. Na área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o período de desova se estende entre os meses de agosto e outubro. É nessa época que começam os trabalhos dos pesquisadores do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Tartaruga - Ana Júlia Lenz

O Programa Quelônios desenvolve pesquisas com três espécies de tartarugas amazônicas: a iaçá (Podocnemis sextuberculata), o tracajá (Podocnemis unifilis) e a tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa). A iaçá pode chegar até 32 cm de comprimento de carapaça, é a espécie mais abundante na região e também a mais predada, sendo ameaçada de extinção. Os tracajás costumam desovar em locais mais úmidos e colocam por volta de 25 ovos, podem chegar a 50 cm de comprimento da carapaça. A tartaruga-da-Amazônia é o maior quelônio de água doce da América do Sul, podendo chegar a 70 cm de comprimento de carapaça e depositar mais de 100 ovos num único ninho.

Para estudar a reprodução das tartarugas, são considerados não só os filhotes, mas também os ovos, as fêmeas e as características dos locais de desova, já que possivelmente as mães fazem uma avaliação do local onde será feita a postura. Dados como as medidas dos animais e dos ovos são relacionados com o tamanho do grão de areia, a altura do ninho em relação ao espelho d’água e a distância entre estes. Para poder capturar e medir as fêmeas, o trabalho é realizado durante a noite, que é o período em que as fêmeas sobem na praia para construírem o ninho e colocarem os ovos. Os filhotes nascem por volta de 60 dias após a postura. Este estudo nos permite avaliar aspectos reprodutivos das espécies, auxiliando na elaboração de estratégias para sua conservação.

iaça - Ana Julia Lenz

O apoio das comunidades que vivem nessa região é imprescindível para a manutenção desses animais na natureza, por isso, além da coleta dos dados científicos nas praias, os pesquisadores também realizam o trabalho com a população ribeirinha, com o intuito de diminuir a predação de fêmeas e ovos. As comunidades contribuem com a vigilância das áreas de desova, para que não haja predação.

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá atua há cerca de 20 anos na pesquisa e conservação das tartarugas aquáticas amazônicas. O Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios é fomentado pelo MCTIC e conta com o recurso do Prêmio iGUi Ambiental. Essa ação também conta com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para o pagamento de bolsas de estudo.

Para conhecer um pouco mais do nosso trabalho visite a página:

https://www.mamiraua.org.br/quelonios

Texto: Marina Secco e Ana Júlia Lenz
Fotos: Ana Júlia Lenz
Pesquisadoras do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Pesquisadores estudam as populações de tartarugas amazônicas na Reserva Mamirauá

Entre os meses de julho e agosto de 2016, pesquisadores do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, realizaram uma expedição para avaliar as populações de tartarugas amazônicas na Reserva Mamirauá. A principal espécie alvo da pesquisa é uma tartaruga conhecida localmente como iaçá, cujo nome científico é Podocnemis sextuberculata. Esta espécie pode medir até 32 cm de comprimento do casco e está ameaçada de extinção.

Iaçá, tartaruga de rio amazônicaEste período do ano é favorável para realizar a captura das tartarugas porque é o momento em que as águas começam a baixar e as tartarugas saem dos lagos e da floresta alagada e se dirigem aos rios principais, onde ficam as suas praias de desova. As tartarugas são capturadas com um tipo de rede de pesca, são medidas, pesadas, marcadas e liberadas no mesmo local. Com estes dados, podemos avaliar o tamanho dos animais, a proporção de machos e fêmeas e de juvenis e adultos. Podemos ainda comparar estas informações com anos anteriores e avaliar as variações na população ao longo do tempo. A recaptura de tartarugas marcadas em anos anteriores pode nos trazer informações sobre suas taxas de crescimento e deslocamento. Este ano foram capturadas 125 tartarugas (49 fêmeas, 62 machos e 14 juvenis) em oito pontos nos rios Solimões, Japurá e em lagos na Reserva Mamirauá.

Aliado à atividade de monitoramento, também foi feito um trabalho com as comunidades ribeirinhas que realizam a conservação de praias de desova de tartarugas. Uma das maiores ameaças a estas espécies é a sobre-exploração. Seus ovos e sua carne são muito consumidos na região amazônica. Visando reduzir a coleta de ovos e de fêmeas e garantir a continuidade das populações, algumas comunidades da Reserva Mamirauá protegem as praias de desova, impedindo que pessoas entrem para capturar as tartarugas e seus ovos. Durante a expedição, estas comunidades foram visitadas para a mobilização e planejamento do início dos trabalhos de conservação de praias que acontece de agosto a dezembro.

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá atua há cerca de 20 anos na pesquisa e conservação das tartarugas aquáticas amazônicas. O Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios é fomentado pelo MCTIC e conta com o recurso do Prêmio  iGUi Ambiental.

Para conhecer um pouco mais do nosso trabalho visite a página:

https://www.mamiraua.org.br/quelonios

Texto e fotos: Ana Júlia Lenz


Mais de mil filhotes de tartarugas são liberados na Reserva Mamirauá

Entre os meses de novembro e dezembro de 2015, o Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, acompanhou o nascimento de filhotes de tartarugas no Rio Solimões, AM. As espécies de tartaruga protegidas foram Podocnemis expansa, que é conhecida popularmente como tartaruga-da-Amazônia, Podocnemis uniflis, conhecida como tracajá, e Podocnemis sextuberculata, chamada de iaçá na região.

FilhotesAs tartarugas aquáticas são monitoradas principalmente durante o período de seca dos rios, pois é quando as fêmeas sobem nas praias e nos barrancos para desovar. As desovas acontecem mais frequentemente entre agosto e outubro e os ovos são incubados em ninhos construídos pelas fêmeas na areia.  A temperatura do ambiente determina qual será o sexo desses animais, sendo as temperaturas elevadas responsáveis pela produção de fêmeas e as temperaturas mais amenas pela produção de machos. O nascimento dos filhotes ocorre em meados de novembro e dezembro.

O monitoramento reprodutivo dos quelônios aquáticos acontece na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá desde a década de 1990. No ano de 2015, foi acompanhado o nascimento dos filhotes em
duas praias situadas no Rio Solimões, as praias eram percorridas diariamente pela manhã e com auxílio de GPS eram localizados os ninhos. Ao todo, Filhotes nascendonasceram 1384 filhotes, 80 % representam filhotes de tartaruga–da-Amazônia, 12 % de iaçá e 7 % de tracajá. Os filhotes que nasceram no ano de 2015 receberam marcação única que possibilita serem identificados em posteriores capturas, ou seja essas marcações permitiram identificar o ano que as tartarugas nasceram ajudando entender, dentre outras coisas, as áreas utilizadas em diferentes épocas do ano e o crescimento dos animais em ambiente natural. O estudo visa contribuir para o conhecimento da ecologia desses animais na Amazônia.

O Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios é fomentado pelo MCTI e conta com o recurso do Prêmio  iGUi Ambiental.

Texto: Vanielle Medeiros Vicente  Filhotes de tartarugas


Com recursos do Prêmio iGUi Ambiental, Instituto Mamirauá realiza expedição de campo visando conservação de tartarugas amazônicas

O Instituto Mamirauá realizou, em outubro, a primeira expedição de campo com o objetivo de entender a influência do ciclo das águas na sobrevivência das tartarugas amazônicas. A atividade integra o projeto “Tartarugas aquáticas amazônicas: A vida adaptada ao ciclo anual de cheias e secas dos rios”, que venceu o Prêmio iGUi Ambiental este ano. A pesquisa é coordenada pelo Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Um dos objetivos do projeto vencedor é endender a influência do ciclo das águas na sobrevivência dos filhotes de três espécies de tartarugas, conhecidas pelos cientistas como quelônios, que ocorrem na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá: a tartagura-da-Amazônia (Podocnemis expansa), o tracajá (Podocnemis unifilis) e a iaçá (Podocnemis sextuberculata).

Os corpos hídricos na Amazônia apresentam um ciclo natural de pulsos de inundação. Quando o nível dos rios está alto, toda a planície é alagada, já no período de seca a planície de inundação é drenada e surgem os canais principais dos rios, lagos permanentes e as praias, onde desovam as tartarugas foco desse projeto Praia de desova de quelônios no rio Solimões. Na Reserva Mamirauá as planícies de inundação são banhadas pelos rios Solimões e Japurá. O ciclo de vida das tartarugas que habitam esses rios está diretamente relacionado ao seu ciclo hidrológico. Estes animais migram no início da vazante para a calha dos rios principais, onde se formam grandes praias arenosas durante a estação seca, que servem como áreas de desova destas espécies. No final da estação seca, com o início da subida do nível das águas e o nascimento dos filhotes, as tartarugas retornam aos lagos e a floresta inundada, onde permanecem em áreas de alimentação durante a enchente e cheia.Praia de desova de quelônios no rio Solimões

Contudo, a ascensão prematura das águas ou a subida repentina do rio antes do fim do período de incubação dos ovos, pode afetar a sobrevivência dos filhotes. Tal fenômeno, também conhecido como “repiquete”, tem sido bastante recorrente e tem gerado certa preocupação na formulação de estratégias de  conservação das tartarugas amazônicas, uma vez que após inundados há mortalidade total dos ninhos.

Durante o período de desova (setembro a novembro), comunitários residentes da Reserva Mamirauá se organizaram para monitorar e proteger as praias de desova, amparados nas diretrizes do Plano de Gestão da Reserva. Em outubro, durante a visita dos pequisadores às praias localizadas na margem esquerda do Rio Solimões, 750 m de praia foram mapeados com o objetivo de testar o grau de vulnerabilidade dos ninhos à probabilidade de inundação.

Nessa praia cerca de 17 ninhos foram marcados, destes 13 são de tartaruga-da-Amazônia,  quatro de iaçá e um de tracajá. Ao menos três ninhos tiveram que ser transferidos para a praia vizinha, devido a proximidade dos mesmos à linha d’água. Nestas praias, além dos ninhos de tartarugas, também encontramos muitos ninhos de aves migratórias, como os trinta-réis e talha-mares, que na região são conhecidos como gaivotas e corta-água.

Os dados coletados na Reserva Mamirauá contribuírão para o desenvolvimento de um modelo preditivo que poderá auxiliar o futuro manejo das desovas na Reserva e a prevenção de futuros problemas relacionados à ascensão prematura dos rios e perda de ninhos. Deste modo, auxiliando no aumento da taxa de sobrevivência dessas espécies que atualmente estão ameaçadas de extinção.

Para conhecer um pouco mais do trabalho do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá visite a página: https://www.mamiraua.org.br/quelonios

Texto: Shirley Famelli

Pesquisadora do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.


“A premiação, concedida pela iGUi, visa contemplar uma instituição que desenvolve projetos que contemplam temas como biologia aquática, contaminação ambiental, sustentabilidade econômica, e outros na temática de meio ambiente, água e conservação.

“O projeto submetido ao Prêmio iGUi Ambiental trata desta relação entre o ciclo de vida das tartarugas amazônicas e o ciclo natural de cheias e secas dos rios amazônicos. Com o Prêmio, poderemos desenvolver as atividades de campo na Reserva Mamirauá em 2015 e 2016, monitorando as populações de tartarugas e suas áreas de desova, garantindo a continuidade de estudos de longo prazo e ampliando o conhecimento científico sobre estas espécies”, afirmou a pesquisadora Ana Júlia Lenz, do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O presidente da iGUi, Filipe Sisson, valorizou a atuação do Instituto Mamirauá. “Para a iGUi é uma satisfação entregar o premio iGUi Ambiental para a instituição vencedora. Nosso intuito é tentar fornecer mais subsídios para as intuições que necessitam aperfeiçoar seu trabalho com o meio ambiente para que possamos contribuir pela conservação e preservação dessa biodiversidade que nos envolve”, enfatizou.

Ana Júlia ressalta que “os objetivos do projeto são: compreender melhor a influência do nível das águas na dinâmica populacional das tartarugas, e avaliar como possíveis mudanças climáticas e alterações do ciclo hidrológico poderiam influenciar as áreas de desova destas espécies”.

Há vinte anos o Instituto Mamirauá atua com o desenvolvimento de pesquisas científicas e de monitoramento populacional de três espécies de quelônios da região do Médio Solimões: a iaçá (Podocnemis sextuberculata), o tracajá (Podocnemis unifilis) e a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa). Esse estudo gera uma série histórica de dados científicos que contribui para a formulação de estratégias de conservação dos animais e do ambiente em que ocorrem. Esses trabalhos são realizados nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, no Amazonas.

A pesquisadora assegura que os estudos em longo prazo são importantes por contribuírem para a compreensão de importantes aspectos da ecologia e biologia das espécies. Outra parte do projeto é a conservação comunitária de quelônios, que é realizada pelos moradores de comunidades ribeirinhas da duas Unidades de Conservação.

Essas três espécies são classificadas como “quase ameaçadas” na lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Veja o vídeo sobre parte das pesquisas realizadas pelo Instituto Mamirauá com a espécie:

2 thoughts on “Prêmio iGUi Ambiental

  1. Parabéns ao Instituto Mamirauá, a Ana Júlia por coordenar a equipe de Quelônios e um parabéns especial a minha irmã, Vanielle Medeiros, por fazer parte desse trabalho lindo com tartarugas amazônicas. Parabéns!!!!!!

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