Recentemente recebemos um e-mail da nossa aluna da iniciação científica, Luana Oliveira Drummond, estudante de Biologia na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) do laboratório de Ecologia Animal e Genômica Ambiental (LEGAM). E, com muita alegria, ela nos contou que sua pesquisa foi publicada em uma revista de alto fator de impacto.
Vamos entender o que é isso: O fator de impacto (FI) de uma revista é uma métrica que avalia sua importância e influência na área do conhecimento, sendo calculado pela divisão do número de citações que os artigos da revista receberam em um período, pelo número de artigos publicáveis desse período, segundo o Journal Citation Reports (JCR) da Clarivate Analytics.
A revista é a Chemosphere, e a pesquisa é sobre microplástico em libélula: “Bioacumulação de microplásticos em larvas de odonata: integrando evidências de estudos experimentais em microcosmos de água doce”
Vamos ao resumo da pesquisa:
A poluição por microplásticos (MP) é uma ameaça global emergente à biodiversidade de água doce, mas pouco se sabe sobre sua acumulação biológica e transferência trófica em cadeias alimentares aquáticas. Conduzimos dois experimentos complementares de laboratório simulando ecossistemas de tanques de bromélias para avaliar a ingestão de MP, a bioacumulação e os efeitos ecológicos em macroinvertebrados aquáticos, com ênfase particular em larvas de Odonata (Bromeliagrion rehni). Primeiro, avaliamos se a ingestão de MP varia entre grupos taxonômicos, regiões do corpo e tempo de exposição. Em um segundo experimento, testamos como diferentes vias de exposição (via aquática vs. mediada por presas) e concentrações de MP influenciam a ingestão, o crescimento e a sobrevivência em um inseto predador de topo. A ingestão de MP ocorreu amplamente entre macroinvertebrados e variou de acordo com a duração da exposição e a região do corpo. A exposição mediada por presas levou a um acúmulo significativamente maior de MP (exposição de 10 dias) do que o contato direto com água contaminada. Larvas de Odonata alimentadas com presas contaminadas exibiram taxas de crescimento mais altas, potencialmente devido ao aumento da vulnerabilidade das presas ou ao comportamento compensatório de forrageamento. A concentração ambiental de MP parece predizer a ingestão de partículas. Os hábitos alimentares das presas influenciaram seus níveis de contaminação, indicando riscos específicos para cada grupo funcional. Este estudo fornece evidências experimentais da bioacumulação de MP e da transferência trófica entre macroinvertebrados de água doce e demonstra como a via de exposição modula a absorção de contaminantes e as respostas biológicas. Além disso, os macroinvertebrados atuam como vetores-chave da transferência de MP, e a exposição alimentar pode amplificar os efeitos subletais em todos os níveis tróficos. Essas descobertas ressaltam a necessidade de integrar a dinâmica trófica às avaliações ecotoxicológicas e destacam como a poluição por MP pode, sutilmente — mas significativamente — perturbar a estrutura e a função da teia alimentar de água doce.


