A bolsista Manuela Cardoso Damasceno, estudante de ciências biológicas pelo Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia do estado do Pará (IFPA) campus Tucuruí e orientadora Prof. Dra. Luciana Mendes Fernandes (Laboratório de Microbiologia e parasitologia do IFPA) desenvolveram no ano de 2022 a pesquisa intitulada: “Distribuição espaço-temporal da comunidade fitoplanctônica em uma usina Amazônica: UHE Tucuruí- Pará” .

Os impactos gerados através da construção de hidrelétricas, em especial na região amazônica, como exemplo a UHE-Tucuruí/PA, causaram modificações ambientais expressivas comprometendo em especial os ecossistemas locais e regionais, o que também gera efeitos indiretos à saúde humana, alterações que decorreram principalmente do efeito da decomposição da vegetação terrestre inundada e do tamanho do território alagado, que entre outros, deteriorou a qualidade da água e causou enorme perda da biodiversidade. Dentre essas comunidades existentes no lago, destacam-se os fitoplânctons, principal produtor primário, que utiliza energia solar junto aos seus nutrientes essenciais para o seu crescimento, multiplicação e transforma substâncias simples, que obtêm do meio, em matéria orgânica, fornecendo oxigênio tanto para o ambiente aquático como para o ar, por meio do processo de fotossíntese. Esse processo ocorre principalmente devido ao pigmento de clorofila-a e outros pigmentos acessórios, que possibilitam uma ampla faixa de captação de luz.

O objetivo desta pesquisa é caracterizar a diversidade biológica dos organismos fitoplanctônicos bem como sua distribuição espaço-temporal e análise físico-química no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí –PA, para tal foram coletadas amostras da água do lago em 7 pontos amostrais diferentes, em diferentes camadas da coluna d’água, nos períodos de seca e cheia seguindo o regime hidrológico da região. As amostras foram analisadas em sub amostragens de 1mL, em pipetas do tipo Stempel e colocadas em câmaras de Sedgwick-Rafter para visualização no microscópio e identificação das espécies.

Para a análise da comunidade fitoplanctônica, foram abordados os aspectos taxonômicos e a estrutura populacional. Nos resultados foram encontradas 68 espécies no período de cheia e 50 no período de seca, sendo a classe Bacillariophyceae (3.760 org./L) mais abundante em ambos os períodos, seguido das classes Chrysophyceae (120 org./L), Cyanophyceae (3.504 org./L).  Os fatores físico-químicos se apresentaram relativamente homogêneos nos dois períodos, tendo destaque o oxigênio dissolvido apresentou valores maiores durante a cheia, o que pode ser explicado pelo aumento das chuvas na região que favorecem o processo de dissolução do oxigênio nas camadas da água. Os resultados demonstram uma correlação positiva entre Zygnematophyceae e oxigênio dissolvido, uma vez que as algas dessa classe, por apresentarem a maior concentração de clorofila-a, realizaram uma maior taxa fotossintética, disponibilizando assim, uma maior quantidade de oxigênio no meio, proporção esta corroborada pela ACP realizada durante o tratamento estatístico do trabalho. E assim, o fitoplâncton demonstra a qualidade da água através de mudanças em sua composição comunitária, distribuição e proporção de espécies sensíveis, morfologia e comportamento e mudanças na composição e diversidade dos fitoplânctons devem ser acompanhadas, pois podem adquirir caráter preditivo sobre as possíveis mudanças no meio onde ocorrem especialmente em reservatórios, que além de terem níveis de eutrofização elevados, podem variar em diferentes áreas do mesmo lago, influenciando na dinâmica local.

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