Em menos de 1 mês para começar o evento esportivo mais esperado do ano, a rede BBC Sport lançou um vídeo propaganda das Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro. A animação mostra uma série de animais selvagens como onças, jacarés, bichos-preguiça, tamanduás e macacos praticando esportes olímpicos, como corrida, salto ornamental, levantamento de peso, ginástica artística e vôlei. No final, uma das onças se transforma em um homem que se junta à uma equipe de atletas para admirar a cidade do Rio de Janeiro. Vamos aqui conhecer cada animal que aparece na animação, afinal são nossas feras….

  • Onça-pintada (Panthera onca)

Onça-pintadaÉ o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. É um animal muito cauteloso para atacar sua vítima. Desloca-se sempre contra o vento para que a presa não possa sentir seu cheiro e aproxima-se silenciosamente, surpreendendo a presa com um salto sobre seu dorso.

O território do macho é bem maior do que o da fêmea, podendo ser duas a três vezes maior. Tanto machos quanto fêmeas marcam seus territórios com sinais olfativos (urina) e visuais (arranhões nas árvores).

O período de gestação é em média de 100 dias e geralmente nascem dois filhotes, que começam a comer carne por volta dos 75 dias de vida, mas a amamentação continua até os cinco meses. Os adultos podem ficar até uma semana sem comer, mas pode devorar, em um dia, 20 kg de carne.Onça-pintada negra

O padrão de pintas das onças é único para cada indivíduo e funcionam como nossas impressões digitais, servindo para identificar cada animal. A onça-pintada negra, conhecida como Jaguar negro, é da mesma espécie da malhada. Preste atenção e você verá as mesmas pintadas escondidas sobre o pelo preto. Elas são negras devido a uma variação genética conhecida como “melanismo” que provoca a concentração da pigmentação preta. Para identificar as manchas necessário um pouco mais de atenção e condições de luminosidade adequada.

  • Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus)

Preguiça-de-três-dedosAs preguiças-de-três-dedos têm o corpo adaptado a passar a maior parte de suas vidas penduradas nas arvores, e nesta posição se alimentam e dormem, a cópula e o parto também ocorrem neste lugar. Elas chegam a um comprimento cabeça-corpo de 40 a 70 centímetros e a um peso de três a cinco quilos. Os membros são longos e fortes, sendo as extremidades anteriores claramente mais longas do que as posteriores, e todas terminam com três grandes afiadas em forma de gancho. As preguiças-de-três-dedos têm uma cauda curta, de dois a nove centímetros e possuem uma maior mobilidade da cabeça, pois podem move-la em um arco de 270°, e assim alcançam mais fontes de alimento sem ter que mover os membros.

O pêlo das preguiças-de-três-dedos serve também de habitat para diversas espécies de insetos: um único espécime pode ser moradia de mais de mil besouros, múltiplas borboletas e mariposas. Quando as preguiças-de-três-dedos descem ao solo para defecar, a mariposa sai do pêlo de sua hospedeira e põe seus ovos nos excrementos. As larvas se alimentam destes, e depois da metamorfose vão em busca de uma nova preguiça hospedeira.

 O aperto dos membros e das garras em forma de gancho é tão forte que as preguiças podem até mesmo permanecer um curto período penduradas nos galhos após a morte. Elas se locomovem extremamente devagar: estimativas de sua velocidade máxima não ultrapassam quatro metros por minuto. Elas só descem ao solo para urinar e defecar – o que só se faz necessário a cada uma ou duas semanas, por conta do seu baixo metabolismo. A alimentação das preguiças-de-três-dedos consiste quase exclusivamente em folhas e é ocasionalmente suplementada por brotos e galhos finos. Têm preferência pela folha da Embaúba.

  • Tatú-canastra (Priodonte Maximus)

Tatu CanastraTrata-se de um animal característico do Cerrado, mas que também tem incidências em outros biomas do Brasil e América Latina – embora, em menor quantidade. Não há estimativas populacionais para a espécie, mas é notório a redução da população nas últimas décadas tornando-se uma espécie vulnerável segundo listas nacionais e mundial de espécies ameaçadas de extinção. Antigamente, no Brasil, era muito visado por caçadores em busca da sua carne para alimentação e sua armadura, muito resistente, para fazer utensílios.

Alimentam-se predominantemente de cupins e formigas, muitas vezes fazendo suas tocas próximas às colônias destes insetos. Vestígios como cupinzeiros destruídos até o nível do solo e tocas em formato de semicírculos que podem chegar a mais de 40 cm de largura e mais de 30 cm de altura são bons indicadores da presença da espécie.

Ele pode chegar a 1,5m de comprimento e pesar até 60 kg, sendo que, aparentemente, os machos são maiores e mais pesados que as fêmeas. Apesar de ocorrer em uma variedade de ecossistemas, ambientes abertos são habitats mais importantes para a espécie. Além de ser raro na natureza, o tatu-canastra possui hábitos noturnos e semifossoriais (passam parte do tempo abaixo do solo), o que dificulta sua visualização e estudo. De fato, o tatu-canastra é um dos mamíferos de grande porte menos conhecidos do Brasil.

  • Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris)

Jacaré-do-papo-amareloO jacaré-de-papo-amarelo é um réptil amplamente distribuído pelo sudeste da América do sul, ocorrendo em qualquer ecossistema associado à água nas bacias dos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e São Francisco, sendo comum desde o extremo leste do Brasil até o Uruguai. Também ocorre em ecossistemas costeiros, como mangues. É um animal carnívoro que vive aproximadamente cinquenta anos. São conhecidos por este nome pois, durante a fase do acasalamento, estes animais costumam ficar com a área do papo amarelada. Possuem o focinho mais largo de todos os crocodilianos. O nome científico latirostris (nariz largo) vem do latim lati (largo ou amplo) e rostris (nariz ou focinho).

Mede em média cerca de 2 metros mas já foram registrados indivíduos excepcionalmente grandes com 3,5 metros. Animais adultos tendem a ser de cor verde-oliva, enquanto os filhotes são mais amarronzados com costas listradas de preto e pontos escuros na cabeça e lateral da mandíbula inferior. Animais velhos são quase negros. Caracterizam-se por possuírem uma mordida forte, podendo partir o casco de uma tartaruga com extrema facilidade.

A espécie é altamente ligada a água, habitando uma variedade de ambientes como pântanos, charcos, rios e riachos, com forte associação a vegetação aquática densa. Pode ser encontrado em águas salobras e salgadas, chegando a habitar mangues no litoral e também já foram registrados em mangues de ilhas costeiras no sudeste do Brasil.

O período de acasalamento ocorre de Agosto a Janeiro no Brasil e coincide com os meses mais quentes do ano, já que é necessário calor ambiental para a incubação. Os ninhos são constituídos de um monte feito de material orgânico como folhas, gravetos e eventualmente terra. Supõe-se que a terra é usada para fazer com que o ninho tenha um tamanho adequado quando não há matéria orgânica suficiente.

A fêmea coloca em média 20 a 60 ovos no ninho e, após a postura, ela, como outros crocodilianos, adota uma postura agressiva e se afasta deles apenas para se alimentar, pois estes podem ser predados por animais como o teiú, quati, raposas, macacos e aves aquáticas. A temperatura de incubação é determinante para o sexo: entre 29º e 31º C os filhotes nascem todos fêmeas, com 33º nascem apenas machos e com 34,5º de ambos os sexos.

 No momento da eclosão, entre 65 e 90 dias depois, os filhotes ainda dentro dos ovos vocalizam chamando a mãe que destrói o ninho e então os carrega na boca até a água. No primeiro ano de vida permanecem próximos ao local de nidificação sendo protegidos por ambos os pais.

  • Bugio-ruivo (Alouatta seniculus)

Bugio-ruivoOs bugios são os macacos do Novo Mundo (ou seja, do continente americano), são arborícolas e praticamente ocupam todos os estratos da floresta, podendo ocorrer em qualquer tipo de habitat florestal, desde pântanos e mangues, até florestas secas, em áreas de cerrado e no pantanal. Por não beberem água, os bugios não necessitam viver em áreas próximas a rios. Sua adaptabilidade é tamanha, que frequentemente, são os únicos que restam em áreas altamente alteradas pelo homem: pequenas áreas cercadas por pastagens e campos cultivados sem pressão de caça são capazes de abrigar grupos de bugios.

Por conta do enorme volume do osso hióde, os bugios emitem vocalizações poderosas, que podem ser ouvidas à quilômetros de distância. Tais vocalizações são emitidas, na maioria das vezes, em contextos de relações inter-grupos. Vocalização https://pt.wikipedia.org/wiki/Alouatta

O corpo é forte e maciço, a cabeça nos machos parece ainda maior, devido aos longos pêlos que revestem o queixo, (por isso ele também é conhecido como macaco barbado). A cauda é muito musculosa, com a porção inferior da ponta desprovida de pêlos e dotada de grande sensibilidade. Enrola-se firmemente nos galhos e funciona como um quinto membro, sustentando o corpo por longos períodos de tempo, por exemplo, enquanto o animal se alimenta.

Os bugios são primatas predominantemente folívoros (que ingerem folhas), ingerindo principalmente brotos e folhas jovens. As atividades de alimentação consomem cerca de 24% do tempo, visto que a maior parte do tempo os bugios estão descansando (cerca de 60%).

  • Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)

Tamanduá-bandeiraCom pelos grossos e compridos e um focinho longo. O tamanduá-bandeira usa suas garras dianteiras para escavar vários formigueiros e cupinzeiros ao longo do dia para capturar, com sua língua extensível de quase 60cm e pontas arredondadas, até 30 mil formigas e cupins.

Essa espécie é facilmente reconhecida por sua pelagem característica, que tem uma faixa diagonal preta com bordas brancas, que se estende do peito até a metade do dorso. As patas dianteiras, que têm três garras longas, são mais claras do que as traseiras, que têm cinco garras, mais curtas.

Como se alimenta de formigas e cupins, não possui dentes. Seu olfato é aguçado, já que é a principal ferramenta para localizar suas presas. Quando encontra um formigueiro, o tamanduá-bandeira fica apenas alguns minutos no local, e logo se dirige a outra fonte de comida.

Eles são capazes de nadar, inclusive, em rios amplos, e já foram observados se banhando. Também escalam árvores quando estão à procura de alimento. Não cavam túneis, e para descansar podem cavar pequenas depressões no solo. Costumam dormir curvados, usando a cauda como um manto, provavelmente para se proteger do frio e proteção.

A fêmea carrega o filhote nas costas, que muitas vezes é camuflado pela pelagem da mãe. Isso evita que a cria seja predada, principalmente por rapinantes. Estudos feitos em semi-cativeiro mostram que o filhote nasce com olhos fechados e os abre após 6 dias e só passa a ingerir alimentos sólidos depois de três meses de idade: até essa idade, o cuidado da fêmea é alto e declina após esse período, cessando quando o filhote alcança dez meses de idade. A mãe tem o hábito de lamber o filhote, principalmente o focinho e a língua. Alcançam a maturidade sexual entre 2,5 a 4 anos de idade. Adultos tem poucos predadores naturais, principais causas de morte são os humanos. São vítimas frequentes de caçadores e de atropelamentos.

  • Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

Lobo-guaráParente dos lobos selvagens e dos cachorros domésticos, o lobo-guará é um animal típico do Cerrado e maior canídeo da América do Sul, podendo atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Além do Brasil, pode ser encontrado em regiões da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai.

Esguio e elegante, também é conhecido como lobo-de-crina, lobo-vermelho, aguará, aguaraçu e jaguaperi, todos nomes atrelados a sua bela pelagem laranja-avermelhada, que o torna um dos mais belos animais brasileiros. Na natureza, vive cerca de 15 anos. A cada gestação, que dura pouco mais de dois meses, nascem em média dois filhotes.

Apesar do porte imponente de “lobo”, é tímido, solitário e praticamente inofensivo, preferindo manter distância de populações humanas. Usa suas presas para se alimentar de pequenos animais, como roedores, tatus e perdizes, além de frutos variados do Cerrado, como o araticum e a lobeira (Solanum lycocarpum), alimento muito consumido pelo guará.

Focinho do Lobo-guaráAs vocalizações lembram os latidos de um cachorro de porte grande, durando em média 0,7 segundos em intervalos de 2 a 4 segundos, sequência que se repete por até 23 vezes. Tanto machos quanto fêmeas vocalizam. Costumam vocalizar mais à noite, quando podem ser ouvidos a vários metros de distância. Apesar de estarem associadas à territorialidade, as vocalizações são mais frequentes entre jovens de um mesmo território, sugerindo serem apenas um sinal para contato a grandes distâncias entre indivíduos conhecidos e não para a defesa de território.

É avistado normalmente circulando por grandes campos nos fins de tardes e durante as noites. Nessa rotina, costuma cruzar estradas onde muitas vezes é atropelado. A ampla fragmentação dos remanescentes de Cerrado faz com que animais tenham que deixar refúgios de matas para se alimentar e reproduzir, tornando-se vítimas de automóveis e caçadores, por exemplo.

 

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