Estudos atestam que 93% do calor retido na atmosfera do planeta pelos gases do efeito estufa é absorvido pelo oceano, e está acarretando um aumento na temperatura das suas águas superficiais muito maior do que o previsto.

Este aquecimento tem contribuído com o aumento da intensidade das chuvas, aumento do nível do mar, derretimento de geleiras e calotas polares, declínio dos níveis de oxigênio no oceano e também com a destruição dos recifes de coral. Considerados berços de grande biodiversidade, os recifes de coral são fonte de alimento, refúgio e locais para nidificação de diversas espécies marinhas. Também são fonte de alimento para os seres humanos, que obtém proveito desse recurso através da pesca e geração de empregos por meio do turismo.

O aquecimento das águas do oceano tem sido considerado o principal responsável pelo declínio dos recifes de coral, rompendo a frágil relação de simbiose entre esses organismos e as microalgas que vivem nos seus tecidos, causando o chamado branqueamento. Aproximadamente 40% dos recifes de coral do mundo já foram perdidos, e o restante estará em situação crítica nos próximos 20 anos.

A reprodução sexuada é responsável pela perpetuação de diversas espécies de corais. Quando dispersos no ambiente marinho, os gametas ficam mais vulneráveis ao estresse ambiental do que o próprio animal, o que pode reduzir sua viabilidade. Estudos que avaliam a influência de fatores ambientais na qualidade espermática de corais são escassos.

Ainda não existem dados sobre o impacto das mudanças climáticas na reprodução das espécies brasileiras. O objetivo dessa pesquisa, desenvolvida pelo estudante Tales Fabris Chaves, sob orientação do Prof. Dr. Leandro Cesar de Godoy, do Laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre, sob financiamento da iGUi Ecologia, é avaliar os efeitos do aumento da temperatura da água do oceano na viabilidade dos espermatozoides do coral-cérebro-da-bahia Mussismilia braziliensis (Verrill, 1869), espécie endêmica e principal construtora dos recifes em Abrolhos.

Serão avaliados marcadores morfológicos de viabilidade, o tempo de vida e a taxa de motilidade, além de marcadores bioquímicos relacionados ao status pró-oxidante e antioxidante dos espermatozoides. Avaliar como os gametas se comportam diante das mudanças ambientais poderá trazer respostas cruciais para a conservação da espécie!

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