Os pesquisadores do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, do Campus Bio Médico Universidade de Roma juntamente com outros pesquisadores italianos, detectaram microplásticos no leite materno humano pela primeira vez, causando uma preocupação com os possíveis impactos à saúde dos bebês.

O uso generalizado de plásticos determina a inevitável exposição humana aos seus subprodutos, incluindo os microplásticos (MPs), que entram no organismo humano principalmente por ingestão, inalação e contato dérmico.

Uma vez dentro de nós, os MPs podem atravessar as membranas celulares e translocar para diferentes locais do corpo, desencadeando mecanismos celulares específicos. Portanto, o potencial prejuízo à saúde causado por estar dentro de nós e se acumular é uma preocupação primordial, conforme confirmado por vários estudos que relatam efeitos tóxicos evidentes em vários modelos animais, organismos marinhos e linhagens celulares humanas.

Neste estudo único, amostras de leite materno humano coletadas de 34 mulheres foram analisadas por microespectroscopia Raman e, pela primeira vez, a contaminação por MP foi encontrada em 26 das 34 amostras.

As micropartículas detectadas foram classificadas de acordo com sua forma, cor, dimensões e composição química. Os MPs mais abundantes foram compostos de polietileno, policloreto de vinila e polipropileno, com tamanhos variando de 2 a 12 µm.

Os dados do MP foram analisados ​​estatisticamente em relação aos dados específicos de pacientes (idade, uso de produtos de higiene pessoal contendo compostos plásticos e consumo de peixes/mariscos, bebidas e alimentos em embalagens plásticas) de 7 dias antes do nascimento até 7 dias após, mas não foi encontrada relação significativa, sugerindo que a presença onipresente de MP torna a exposição humana inevitável.

Embora vários países estejam introduzindo novos regulamentos sobre gestão de resíduos plásticos e estratégias de reciclagem, é de notar que em 2018 na Europa, apenas 32,5% dos resíduos plásticos pós-consumo foram reciclados, enquanto 24,9% foram acumulados em aterros.

A evidência de MPs no leite materno humano, aliada à descoberta prévia dessas micropartículas na placenta humana, representa uma grande preocupação, pois impacta a população extremamente vulnerável de lactentes.

De fato, os produtos químicos possivelmente contidos em alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal consumidos por mães que amamentam podem ser transferidos para a prole, potencialmente exercendo um efeito tóxico.

Assim, é imperativo aumentar os esforços em pesquisas científicas para aprofundar o conhecimento do potencial prejuízo à saúde causado pela internalização e acúmulo de MP, especialmente em lactentes, e avaliar formas inovadoras e úteis para reduzir a exposição a esses contaminantes durante a gravidez e lactação.

Veja abeixo o trabalho na integra:

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