Após dias de queimadas desenfreadas nos deparamos com várias situações…. Existem grupos de pessoas que acreditam que isso não se passa de uma “guerra política”, enquanto outros acreditam que é mais um ciclo da época do ano, e outros que acreditam que o que está acontecendo não se passa de um interesse econômico para viabilizar terras para a produção, mas uma coisa é certa: as queimadas ocorrem e independente do motivo é preciso parar. Há décadas é necessário olhar para o Brasil de maneira diferenciada, mas só agora isso está acontecendo em escala mundial, o que é muito bom! Aproveitar essa oportunidade para saber que é possível mudar essa realidade, mesmo com pequenos gestos. não as queimadas

A produção de alimento é necessária, mas podemos fazer isso de maneira sustentável. Você sabia que é possível produzir grãos e gado e ainda assim manter as florestas em pé? Uma solução viável para isso é a agroflorestal…

Agrofloresta é um sistema de cultivo que une árvores e agricultura (plantações ou gado), que proporciona maior recuperação e equilibro do ambiente, tornando o uso mais produtivo e rentável da terra em comparação com um sistema de monocultura (plantações de um único produto). Aqui no Brasil, o sistema de agroflorestal começou a ser instalado com o suíço Ernst Gotsch, tal cientista desenvolveu seus estudos na década de 70 na Suécia e Alemanha e, em 1979 realizou trabalhos de recuperação de solos degradados com a implantação de sistemas agroflorestais na Costa Rica. Em 1982, o cientista veio para o Brasil e fixou-se em uma fazenda de 500 hectares de terras improdutivas na Bahia, foi aqui que ele continuou as suas pesquisas e desenvolvimento dos experimentos de Sistemas Agroflorestais e, hoje os resultados são: cerca de 410 hectares de área reflorestada, dos quais 350 foram transformados em RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), além de 120 hectares de Reserva Legal e o ressurgimento de cerca de 14 nascentes de água.

agroflorestaOs sistemas agroflorestais possuem melhor desempenho tanto na visão econômica quanto na ecológica. Além de ajudar os proprietários a diversificar sua renda, existe uma melhora considerável na qualidade do solo e da água, e ajudam a moderar o microclima e reduzir a erosão do local. É uma solução criticamente importante para a mudança climática, pois de acordo com o Project Drawdown ( uma organização global de pesquisa que identifica, revisa e analisa as soluções mais viáveis para as mudanças climáticas e compartilha essas descobertas com o mundo), um hectare de agrofloresta pode alcançar taxas de sequestro de carbono (processo de remoção de gás carbônico, por meio de fotossíntese, que captura o carbono e lança oxigênio na atmosfera) comparáveis às do reflorestamento puro, com o benefício adicional de produzir alimentos e outras culturas ou mesmo gado.

Os sistemas agroflorestais possuem uma cobertura de plantas que aumentam a matéria orgânica do solo e a atividade biológica, criando assim um ciclo fechado de nutrientes, diminuindo a intervenção, a utilização de fertilizantes ou insumos externos, pois a própria cobertura traz os nutrientes necessários para o desenvolvimento da cultura.

Existem três tipos de agroflorestas mais comuns:

  1. Sistemas silviagrícola – combinam árvores com cultivos agrícolas anuais; considerados como Florestas alimentícias, possuem camadas para imitar os padrões de crescimento natural da floresta, parecem como jardins em meio a vegetação nativa. Esse tipo de sistema garante melhor rendimento, máxima exposição à luz e pouca ou nenhuma manutenção, são tipicamente pequenos, geralmente usados para fins de subsistência. Eles são mais comuns em climas tropicais e subtropicais.
  2. Sistemas Silvipastoris – combinam árvores e pastagens (animais); é um método antigo de combinar a produção animal com árvores – ou a integração de árvores em pastagens para animais, ou a integração de animais em sistemas florestais. Esses sistemas podem ser apenas comunitários ou comerciais. Geralmente incluem grande variedade de culturas de árvores e animais (porcos, gado, ovelhas, cabras e aves). Um ponto importante é o manejo correto dos animais, pois somente assim é evitado danos nas árvores por pastoreio ou pisoteio. Mais um estudo feito pelo Project Drawdown, mostra que as pastagens com árvores sequestram de cinco a dez vezes mais carbono do que as que não tem arvores. Esse sistema traz benefícios financeiros para os produtores, pois renda vem tanto dos produtos animais quanto florestais.
  3. Sistemas agrossilvipastoris – combinam árvores com cultivos agrícolas e animais; árvores associadas com cultivos agrícolas e atividade pecuária. Aqui é possível unir os dois tipos citados acima. Se houver o manejo adequado é possível realizar ao mesmo tempo a conservação ambiental, o aumento da produtividade agrícola, o conforto e a maior produção animal, além de melhor qualidade de vida, contribuindo para a fixação do homem no campo.

Os pontos em comum dos sistemas agroflorestais são as vantagens econômicas e ambientais, tais como:

  1. Custos de implantação e manutenção reduzidos;
  2. Diversificação na produção aumentando a renda familiar, assim como a melhoria na alimentação;
  3. Melhoria na estrutura e fertilidade do solo devido à presença de árvores que atuam na ciclagem de nutrientes;
  4. Redução da erosão;
  5. Aumento da diversidade de espécies;
  6. Recuperação de áreas degradadas.

Vamos juntos a favor do meio ambiente!!!

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