Quem já visitou o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), em Manaus, pode conferir uma exibição emoldurada de uma folha seca maciça há décadas exposta. Mas, somente neste ano a árvore teve sua espécie descrita em uma publicação na ACTA AMAZONICA (veja aqui).
Desde 1982 quando a árvore foi encontrada, os pesquisadores sabiam que pertenciam ao gênero Coccoloba. Ela foi encontrada na bacia do rio Madeira, mas naquela época não conseguiram identificar a espécie, pois naquele período elas não estavam produzindo flores ou frutos, que são essenciais para a descrição da espécie. Além disso, as folhas eram muito grandes para desidratar e transportar para o INPA, somente conseguiram fazer anotações, desenhos e fotografias.
Depois de 11 anos os pesquisadores conseguiram finalmente coletar duas folhas de uma árvore proveniente de Rondônia e levá-las para o INPA, onde estão emolduradas. Mas, novamente, elas não foram descritas por falta do material reprodutivo.
Entretanto, a persistência dos pesquisadores não parou e em 2005 eles conseguiram coletar sementes e frutos de uma árvore na Floresta Nacional Jamari, mas novamente o material não estava bom para descrição. Porém, foi possível fazer o plantio dessas sementes no campus do INPA e em 2018 essa semente rendeu uma árvore e frutos, fornecendo o material necessário para a descrição da nova espécie.
A árvore, Coccoloba gigantifolia, cresce até cerca de 15 metros de altura e possui folhas que podem chegar a 2,5 metros de comprimento. A espécie é provavelmente rara e tem um alto risco de extinção. Os indivíduos de C. gigantifolia foram registrados apenas na Bacia do Rio Madeira, nos estados brasileiros do Amazonas e Rondônia – áreas atualmente impactadas por projetos, como barragens hidrelétricas, estradas e a agricultura em expansão. Sendo assim, os autores do artigo recomendaram listar a espécie como ameaçada de extinção na Lista Vermelha da IUCN. Parabéns aos pesquisadores!